sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

sábado, 24 de novembro de 2012

PEQUENA CARTA A UM JOVEM ARTISTA


Eu sei.

Estamos vivendo em um momento de profundas contradições.

Se por um lado estamos despertando para questões tão fundamentais à vida como o respeito aos animais, por outro - muitas vezes - não podemos sequer esperar do outro um “bom dia” como resposta. Falta de consideração? De educação? Muito mais que isso; o que nos falta é a consciência de que estamos todos ligados pelo fio da vida, que nos une a todos, indiscriminadamente.

"Os suicidas chocam a sociedade dos homens e têm os velórios mais tristes... pois todo suicida se mata por todos nós." 

(Alma Welt)


E não adianta simplesmente se retirar, deletar ou excluir.


É fácil perceber as consequências desta inconsciência no nível macroscópico: a destruição do planeta, a dizimação dos povos indígenas, as guerras... Mas precisamos urgentemente perceber que tudo isso nasce dos pequenos gestos.

Mais do que pessoal, esta é uma questão existencial – no sentindo de resignificarmos nossa existência neste planeta.

E se falo disso com a veemência do gesto e com a eloquência da voz é porque não nasci pra ser metade, só  me coube ser intenso.

Não me peça para desacreditar na possibilidade desta consciência, porque é dessa crença que me alimento como homem e como artista – muito embora ela ande abalada ultimamente e talvez esta seja a verdadeira razão para eu não estar produzindo no momento. Mas ela não está morta – no dia que isso acontecer, eu morrerei junto, como homem e como artista, e passarei a ser um destes seres amorfos que passam pela vida como se não tivesse vivido.

Não pense que não identifico em mim tal inconsciência e que, ao fazê-lo, doa menos do que no momento em que identifico no outro; e muito menos que o faço por egoísmo ou tão somente para ganhar a discussão – “ganhadores” e “perdedores” são conceitos atrelados a uma lógica à qual nós artistas, se não o fazemos, deveríamos nos contrapor pelo simples fato de que ela é falha: se eu ganho, ganhamos todos nós. E vice-versa. E se o faço é imbuído do mais profundo amor pela humanidade e pela crença em mim, em você, no homem e na nossa capacidade de transformar as relações humanas em algo que passe, sobretudo, pelo respeito e que nos que leve à consciência de que nós somos UM.




domingo, 4 de novembro de 2012

A ARTE PURA DE JUDITH SCOTT


De tempos em tempos o mercado das artes surpreende-se com um novo fenômeno artístico surgido fora do ambiente acadêmico ou oficial. Classificados como naifs ou bruts, esses artistas são prontamente absorvidos pelo mainstream e cultuados por se originarem de classes sociais marginalizadas ou por possuírem algum distúrbio mental.  É este último, o caso de Judith Scott.

No dia 01 de maio de 1943, na cidade de Columbus, em Ohio nascem as irmãs  Joyce e Judith ;  Joyce tinha a saúde perfeita, mas sua irmã gêmea, no entanto, era surda, muda e possuía um distúrbio genético causado pela presença de um cromossomo 21 a mais ou Trissomia do Cromossoma 2, popularmente conhecida como Síndrome de Down - na época, um grande mistério para a medicina.


Seguindo conselhos médicos, em 18 de outubro de 1950,os pais de Judith colocaram-na em uma instituição para deficientes mentais, onde permaneceu totalmente esquecida por trinta e seis anos. No entanto, o sentimento de abandono sempre esteve presente em sua irmã Joyce, o que a levou a requerer sua custódia, obtida somente em 1986, após ser constatado nos prontuários médicos que Judith não tinha recebido diagnóstico adequado (nem mesmo sua condição de surdo/muda tinha sido percebida) e que sofria de discinésia tardia (movimentos oro-mandibulares comprometidos) em virtude de ter sido medicada com psicotrópicos.

Judith foi levada por sua irmã para a California onde passou a frequentar o Centro de Arte de Oakland, cujo propósito não era o da utilização da arte como terapia, mas o de desenvolver as potencialidades artísticas de seus alunos. Inicialmente, Judith sentava-se numa cadeira e tão somente sujava com tinta os papeis que eram colocados à sua frente, até o dia em que Silvia Seventy, uma das professoras do centro, ofereceu-lhe fios e pedaços de madeira. A partir de então, Judith mergulhou num processo vertiginoso de criação, que deu origem a sua vasta obra composta por esculturas abstratas de diversos tamanhos, formatos e cores que, imediatamente, passam a chamar a atenção da direção do centro e de John MacGregor, psicólogo e historiador de arte, que torna o trabalho de Judith conhecido em todo mundo.



O processo de criação de Judith Scott consiste pura e simplesmente em envolver com linha objetos por ela encontrados – ou roubados - até se constituírem em esculturas de grande beleza e expressão. Ao contrário de Artur Bispo do Rosário – artista brasileiro cujo trabalho foi também identificado como “art brut” e cuja vida em muitos aspectos se assemelha a de Judith e que construiu uma vasta obra cuja leitura imediata nos remete a uma profunda necessidade de ordenação do mundo - o trabalho de Judith parece advir de uma necessidade inconsciente de proteção dos objetos encontrados, uma vez que os envolvia até não mais serem perceptíveis para logo depois, quando considerava a obra terminada, serem entregues aos diretores do centro


O trabalho de Judith tornou-se cobiçado pelos grandes colecionadores e, atualmente, integra os mais importantes museus e galerias dedicadas a art brut e já foi objeto de dois documentários: “Outsider: The Life and Art of Judith Scott”, de Betsy Bayha e “¿Qué tienes debajo del sombrero?”, de Lola Barrera e Iñaki Peñafiel. No último, sua Irma Joyce relata o hábito desenvolvido por Judith de usar chapéus por ela decorados, a partir do momento em que seu trabalho passa a ser reconhecido, numa clara manifestação da construção de sua identidade e da recuperação de sua auto-estima.




ART BRUT E INCONSCIENTE

 O conceito de “art brut”, criado pelo pintor francês Jean Dubuffet ao entrar em contato, no final da segunda guerra mundial, com as obras de doentes mentais que, sob os cuidados de Leo Navratil – um psiquiatra da Escola de Viana – eram encorajados a expressar os seus traumas através de desenhos, atribui-se a toda arte nascida fora do âmbito da academia e da cultura oficial e foi ampliado por Roger Cardinal, um crítico de arte inglesa, que o estendeu ao campo dos artistas auto-didatas (os out-siders). 

Tal conceito, atribuído aos artistas e às suas obras, me parece questionável se levarmos em conta que o mesmo reduzem-nos à uma “prateleira” – e utilizo o termo como uma critica à lógica do mercado – impedindo-nos de perceber sua real dimensão, uma vez que o conceito funciona como uma “etiqueta”  que imediatamente identifica, classifica e setoriza a obra e seu criador. E sabemos que a  verdadeira obra de arte é exatamente aquela que escapa à tais classificações.

Segundo o analista suiço Carl Gustav Jung – um dos mais importantes pensadores do século XX – permanecemos em nossa primeira infância  (de 0 a 7 anos) diretamente conectados ao inconsciente coletivo através do que ele denominou “participação mística”, que podemos também chamar de idade da inocência.  Este estado permite que a criança acesse com frequência, aspectos numinosos, vinculados ao divino e ao transcendente, fontes da mais pura criatividade.
Em seu artigo sobre as obra de Pablo Picasso e de James Joyce publicado no volume O Espírito na Arte e na Ciência, da editora Vozes, Jung  recusa tais classificações (é o caso de Picasso que teve parte de sua obra classificada como expressionista) atribuindo essa necessidade ao excesso de racionalidade do homem moderno e sua permanente recusa  em acessar os conteúdos inconscientes. Para Jung, a arte seria, juntamente com os sonhos, o principal elemento catalisador do inconsciente e por isso, atividade fundamental para o equilíbrio psíquico do ser humano.
Judith Scott, a meu ver, coloca em cheque a nossa racionalidade, que a classifica de “doente mental” e à sua obra de “brut” ou “naif” numa tentativa vã de apreender sua arte através da razão, que nos impede de perceber sua dimensão inconsciente, arquetípica e transcendente - embora inconsciente, arquetípico e transcendente sejam, também, conceitos, que jamais serão capazes de explicar a arte pura de Judith Scott.

 Mas pra que explicar? Contemplar sua beleza já nos basta.











segunda-feira, 16 de maio de 2011

O grupo Na Cia.dos Homens, com o apoio do Espaço dos Satyros, promove Oficina de Dramaturgia com a dramaturga argentina SONIA DANIEL, autora do texto UMA FERIDA ABSURDA, em cartaz desde 04 de maio no Espaço dos Satyros I.

Período: de 06 a 10 de junho de 2011
Local: Espaço dos Satyros I - Pça Roosevelt, 214 - Centro
Horário: das 14 as 17h
Número de Vagas: 15
Investimento: R$ 300,00
Interessados deverão enviar carta de interesse para o email
lion_sp@hotmail.com até o dia 25 de maio.

Durante a oficina os alunos produzirão textos teatrais a partir do estudo dos seguinte temas:

INTRODUÇÃO
- A Imagem Geradora
- Exercícios de Indagação Sensorial
- Mecanismos Geradores de Formas Abertas
- Articulação da Progressão - Digressão
- Tese, Antítese e Síntese
- A Estrutura como Método de Ação e Motivação

CONSTRUÇÃO DE PERSONAGENS
- Tridimensionalidade
- Contradição Dinâmica
- Moral da Personagem
- Singularidade da Fala

CONSTRUÇÃO DO CONFLITO
- Diferença entre Problema e Conflito. A Urgência.
- Conflito: Interno e Externo

CORREÇÃO DO TEXTO DRAMÁTICO
- Leitura e Re-escritura. Técnicas de Correção


SONIA DANIEL é atriz, diretora, dramaturga e agitadora cultural. Nasceu na Provincia de Córdoba em 21 de abril de 1966. Premiada em seu país, atualmente, a obra de Sonial Daniel passa por um processo de descoberta; além do Brasil, seus textos vem sendo montados no México e em outras cidades da Argentina
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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Estréia: UMA FERIDA ABSURDA no Espaço dos Satyros I




























Numa plataforma de embarque, uma mulher espera um trem que nunca para. Dividida em três (Uma, Outra e N) ela nos revela, de forma poética, fragmentos de sua vida: a busca pelo amor, o casamento, o aborto provocado pela recusa do marido em ser pai, a fracassada carreira de cantora e um misterioso assassinato.

UMA FERIDA ABSURDA, de Sonia Daniel
As quartas-feiras às 21h, de 04 de maio a 29 de junho
Espaço dos Satyros I

Ingressos: R$ 30,00
Meia R$ 15,00 (estudantes, classe artistica)
R$ 5,00 (moradores da Praça Roosevel)

Tem estacionamento ao lado (não conveniado)
Tem acesso para deficientes físicos

FICHA TÉCNICA
Texto - SONIA DANIEL
Tradução e Direção - CÉSAR MAIER
Elenco - MONALIZA MARCHI e SULIVAM SENA
Iluminação - CIZO DE SOUZA
Fotografia e Captação de Imagens - ROGÉRIO CHE
Designer Gráfico e Visagismo - CÉSAR MAIER
Foto do Cartaz - LEO LEMOS
Trilha Sonora Original - REBELLO ALVARENGA
Produção - CÉSAR MAIER e SULIVAM SENA
Assessoria de Imprensa: EDUARDO GOULART DE ANDRADE

quarta-feira, 16 de março de 2011

segunda-feira, 27 de setembro de 2010